Inabalável

Impenetrável, inacessível, mudo!

Sou tão inabalável que estou à beira da loucura

precipitando-me em um frio dilacerante,

Sendo corroído pela dor da saudade.

Se mantenha longe!

Não quebre esse muro de vidro

Que representa tão fragilmente

A estabilidade de quem se diz inabalável.

Se as lágrimas vem não ponho as para fora,

Se limitam em beirar meus cílios e sonhar com liberdade,

Se limitam a vagar entre o interior dos meus olhos,

Sou inabalável.

Se o coração aperta e a lembrança se faz presente

Apago dos olhos o brilho de emoção,

Pressiono os lábios trêmulos a se calarem,

E estagno na dor que consome a mim,

Sou inabalável.

Se a respiração oscila no ritmo de quem vai se acabar

Espero, me repreendo, tranco a franqueza

Fazendo de conta que nem dei por mim

Por quê?

Porque sou inabalável.

Quando será que me permitirei ser humano ?

Santiago Belmont
Enviado por Santiago Belmont em 03/11/2007
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