Inabalável
Impenetrável, inacessível, mudo!
Sou tão inabalável que estou à beira da loucura
precipitando-me em um frio dilacerante,
Sendo corroído pela dor da saudade.
Se mantenha longe!
Não quebre esse muro de vidro
Que representa tão fragilmente
A estabilidade de quem se diz inabalável.
Se as lágrimas vem não ponho as para fora,
Se limitam em beirar meus cílios e sonhar com liberdade,
Se limitam a vagar entre o interior dos meus olhos,
Sou inabalável.
Se o coração aperta e a lembrança se faz presente
Apago dos olhos o brilho de emoção,
Pressiono os lábios trêmulos a se calarem,
E estagno na dor que consome a mim,
Sou inabalável.
Se a respiração oscila no ritmo de quem vai se acabar
Espero, me repreendo, tranco a franqueza
Fazendo de conta que nem dei por mim
Por quê?
Porque sou inabalável.
Quando será que me permitirei ser humano ?