DIVINA TRAGÉDIA

Eu tenho medo, medo da solidão dessas capitais.

Eu tenho medo, esse medo me faz ser capaz.

Medo, medo, medo.

Eu tenho medo da loucura das maquinas dos homens a malograr

Eu tenho medo sim, medo do progresso, esse ‘Deus” mendaz, capataz

Medo, medo, medo

Eu tenho medo da Brasília pomposa e tudo que há

Eu tenho medo de tudo isso, do porvir, regressar

Medo, medo, medo

Eu tenho medo dos sonhos não sonhados, ou que há de sonhar

Eu tenho medo da distopia que não sabe sonhar

Medo, medo, medo

Eu tenho medo do discurso formal que se faz capital

Tenho medo de tudo que é certo, de certo, se há

Medo, medo, medo

Eu tenho medo dos livros que não se ler

Dos tidos e lidos que se pode ver

Medo, medo, medo

Eu tenho medo dos verdes das “matas”

Do ouro amarelo do seu céu estrelar

Medo, medo, medo

Eu tenho do jardin de infância, seu vestibular

Eu tenho medo porque medo é constância em seu habitar

Medo, medo, medo

Eu tenho medo pela cor do nagô pelas “moças” que há

Tenho medo dos rios que fenece sufocando o mar

Medo, medo, medo

Eu tenho medo das chuvas acetas à primavera que virá

Eu tenho medo da morte que mata o pulsar

Medo de seu tenaz preconceito e tudo que está

Medo, medo, medo

Que o medo me faça de resistir incapaz.

Medo, medo, medo

Nicola Vital
Enviado por Nicola Vital em 13/09/2021
Código do texto: T7341386
Classificação de conteúdo: seguro