Ensaios de morrer

Brigou com a escuridão da noite

No seu leito de dormir

Rodou o filme da sua consciência

Como espasmos de um açoite

Em forma de reminiscências

Procurou confuso, penitencias

Brigou com as reticências

Esboçou nos lábios direitos de sorrir

Arrepios causados por uma brisa estranha

Parecia escapulir da sua entranha

Soprando na manha, seus ouvidos

Misturando-se com os zumbidos

Sussurros do tempo, adquiridos

Causando estranhos alaridos

Era um prenuncio, um anúncio

Era um aviso de improviso

Ou era uma brisa, profetisa

Ou seria o canto do desencanto

A chuva forte bateu no telhado

Escorrendo em bicas para o chão molhado

Gotas em forma de horrores, cheias de dores

Batendo forte como tambores

Sons estranhos de gemidos

De fantasmas de tempos idos

Não esquecidos, bem sofridos

Fazendo lembrar meus dissabores

Na fronte, o suor

Do momento pior

Sensação de um corpo enterrado

Ou de um semi-morto desesperado

De um sofrimento maior

De um limite de tempo ultrapassado

Com cada momento contado

Camuflagens de alívios em forma de insulina

Nos olhos chega a neblina

E no peito o ronco da indisciplina

Ausência total de adrenalina

Zombando da morte menina

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 05/03/2012
Reeditado em 09/09/2012
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