UMA TARDE

UMA TARDE

Quisera eu uma tarde

Que fora mesmo linda afinal

Chupando jabuticabas do pé

Aquele do meu quintal...

Meteria os pés na areia

Do leito daquele riacho

Deitaria-me nas águas

Sentindo-as correrem por baixo...

Comeria então um cacho

Daquela bananinha ouro

Pisaria no estrume

Correria daquele touro...

Quisera eu nesta tarde

Sentado sob a goiabeira

Pensar sobre mim e a vida

Como é tão passageira...

Quisera eu numa tarde

Ficar assim bem à toa

Tomando um café coado

Comendo um pedaço de broa...

Lançaria pedrinhas no espaço

Nadaria totalmente nu

Jogaria-me debaixo

Daquela bica de bambu...

Comeria torresmo com angu

Tomaria um gole de pinga

Cantaria moda de viola

Beberia água de moringa...

Quisera eu nesta tarde

À sombra de uma laranjeira

Pensar sobre tudo e a vida

Como é tão passageira...

Quisera eu numa tarde

Ficar assim bem ao léu

Imaginando das nuvens

Figuras lúdicas no céu...

Deitaria-me no colo

Do meu amor, sem demora

Beijaria-lhe os lábios

Ficaria assim sem hora...

Comeria manga e amora

Sujaria-me com prazer

Rolaria pela grama

Aguardando o anoitecer...

Quisera eu nesta tarde

Sentir-me sem eira nem beira

Pensar sobre nada, e nem a vida

Pois que é tão passageira.

Leopoldina, MG.

Balzac José Antônio Gama de Souza
Enviado por Balzac José Antônio Gama de Souza em 03/05/2007
Reeditado em 05/05/2007
Código do texto: T473161