Por quem se veste a tempestade.

Cinzento

De um céu macio

Nas formas maravilhosas

Que tão formosa dama sabe ter

Meus olhos se fixam vazios

Buscando sorver toda chama

Que risca o horizonte longinquo

O átimo da claridade ofusca

E revela as cavidades sensuais

Por onde caminha a chuva

Em torrentes musicais

Voluptuosas ondas escorrem

E vão apagando os castiçais

E nos umbrais dos vales

Se lançam em direção de nunca mais

Assim assombrado assisto

As diferentes roupas

Com que se veste a natureza

Oras se mostra encabulada

Nas cinzentas nuvens carregadas

Oras despeja inocente fúria

Sobre meu corpo descoberto

Num abraço molhado

Pelo desejo apaixonado

Sorvendo aos poucos meu beijo

Em quentes goles saciado.

Nesse doce encontro marcado

Entre o sonho e a tempestade.