Poesia que não é poesia.

Poema Austral
(a João Videira Santos)


João Videira Santos, poeta, escritor, compositor e pintor, que, além de escrever aqui no Recanto, tem suas páginas pessoais. Eu o conheço há muito tempo e acho que temos uma amizade muito bonita, respaldada em admiração mútua e respeito ao trabalho um do outro, embora não tenhamos tanto contato atualmente, como antes tínhamos, o que não desvaloriza e não diminui cada sentimento que compartilhamos.

Recentemente ele me lembrou por e-mail que chega a primavera em Portugal, enquanto aqui estamos entrando no outono. Na verdade, a gente não fala que começa o outono, porque outono não existe no Brasil, é muito inexpressivo. "Tecnicamente" estamos terminando o verão e ponto final...

Dia Internacional da Poesia... Ele me disse que é hoje, eu acho. Eu não sei fazer poesias, mas escrevi algo pra ele, especialmente pra meu amiguinho portuga, que veio aqui no Brasil no ano passado e nem deu uma passadinha no Rio! Eu vou cobrar isso até o final dos tempos!!!

POEMA AUSTRAL

Enquanto entras na primavera, caem minhas folhas,
Como uma constelação, abaixo da linha do Equador.
Sofro as consequências de tantos mares azuis,
De tantos sóis que me bronzearam.
Agora fico quieta enquanto tu vês flores renascerem.
Aguardo meu inverno, que nada parecerá com o que tiveste,
Mas que inibe minha alma brasileira.
Fazemos parte da mesma esfera, entretanto vivemos realidades diferentes.
Estamos ligados por um fio tênue, que é a poesia da vida,
Cada qual com sua arte, mas poeticamente construindo nossos destinos.
Por aí tu recebes grato o cheiro de mato,
O clima aquece.
Logo chegará o verão,
Enquanto eu me recolho a lazeres alternativos...
Tudo se renova, tudo volta. Um dia tudo volta.
Espero estar sempre aqui e te ver sempre aí,
Feliz, renascendo com as estações.





Leila Marinho Lage
Enviado por Leila Marinho Lage em 21/03/2010
Reeditado em 21/03/2010
Código do texto: T2151131
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