NOS BASTIDORES
NOS BASTIDORES
Hoje, revirando as gavetas
do meu coração,
encontrei você pulsando a ofegância
do morrer.
Não a lembrança, a saudade, a querência,
tudo isso vibrava em mim ainda.
Mas você teimava em partir
como um suicida que abraça a morte espontânea.
Perdi o antídoto, a fórmula mágica que me prendia a você.
O amor não é estrada de mão única.
Fui obrigada a sair de cena,
o palco era pequeno para nós dois
e na coxia, através da diáfana cortina
vi beijarem a boca
que eu beijei um dia.
(Retirado do “Anuário da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro 2005” – editora Milart)