ARDÊNCIA

O vento esparramou faíscas
prá todo lado,
e eu que não queria
provar desse fogo,
saí chamuscada.
 
Ainda arde em mim:
- nas profundezas
onde nenhuma chama alcança -
sinto um queimar sem fim,
desses que não tem cura.
 
E nem é queimadura.
 
É apenas mais uma chama,
um fogo ardente
que só queima
no coração de quem ama.
 
Por uns tempos,
há de ficar assim,
até perder a força.
Quiçá nenhum vento o atinja...
Porque amor tão grande,
renasce da própria cinza.