"Manhã de Carnaval"

"...E assim surge a manhã.

O Astro Rei rompe o véu da noite, enquanto nossos corpos ainda são embalados pela tremula carne após o ultimo ato.

Pálidos raios de sol atravessam a cortina para contemplarem a bela cena.

As flores desabrocham e são delicadamente penetradas pelo beija-flor, seus lábios são tocados pelos meus e sua língua me invade.

Você é o centro do universo, gozosa Vênus em meu céu.

Até o Sol se empalidece ente ao seu brilho.

Nossas roupas espalhadas pela casa mostram o caminho traçado entre toques e volúpia, gargalhadas e voz rouca. Insanas e indecentes palavras são ditas sem pudor ao pé do ouvido.

O buquê do vinho misturado ao olor do seu corpo doce e sedutor.

O contraste de minha pele sobre a sua, a forte pegada e seus cabelos em minha mão.

A flor orvalhada em uma madrugada de desejos e volúpia.

A manhã nos cerca trazendo um caleidoscópio de cores e os carros na rua compõe uma urbana sinfonia para embalar nosso sono.

O sono dos justos e seus corpos lassos iluminados pelo colorido da manhã, que agora de forma plena domina o ambiente..."

("Manhã de Carnaval", by Carlos Ventura)