TANTO FAZ

Me sinto sem dono, sem terra, sem chão,

Sem oxigêneo, eira e nem beira,

Sem forças, vida, som, cheiro,

Sem pele, sem dias, sem eras, sem tempo!

Me sinto assim, disponível, sem dono.

Me sinto vazia, porém esperando...

Quem sabe encontro quem estou procurando,

No trânsito, na rua ou vizinhança?

Aliás, não importa se não encontrar;

Não sei se vale à pena recomeçar...

Já não tenho esperanças nessa vida,

Porém, quem sabe poderia tentar?

Sentir-me desejada, querida, valorizada,

... Que não fosse apenas assim.

Acho que essa vida é só minha e nada,

Me interessa que seja por mim!

Portanto, não aposto em nada enfim.

Não acredito que alcance alguma coisa;

Não vim para receber, só para conceber,

Não vim para ter, só para dar!

Por isso, não quero nada.

Quero apenas apagar-me,

Diluir-me, evaporar-me, desaparecer.

Por que afinal, teria vindo para cá?

É como se tivesse vindo por engano,

Por descuido, sem querer, caí aqui,

E agora não sei como voltar!

Corro contra o tempo, e só quero deitar-me.

Convivo com a loucura, e só quero livrar-me.

Porém dois elos me prendem aqui.

O que faço, se não suporto a espera?

Se faço a contagem regressiva,

Enquanto o tempo só corre adiante?

De repente, fazer parte de outra vida,

Ter outro nome, outro corpo, outra sina.

Algo com mais nexo... Sei lá, não impota!