"O Espetáculo"

"..Quem dera declamar-te poesia e sentir você palavra em minha boca.

Quem dera ver-te rubra, rouca, louca, uivando feito loba, sob a pálida luz da lua. Que timidamente penetra por entre a fresta da cortina do teu quarto.

Quem dera ser a serpentina do seu carnaval.

Ser seu bem e seu pecado original,

Sentir sua tremula carne em minhas mãos e seu pulsar na ponta da minha língua.

Quem dera saciar minha sede com seu orvalho e descansar-me em seu regaço.

Quem me dera que em seu circo fosse eu o palhaço lhe causando gozosas gargalhadas de prazer e ao encerar o espetáculo lhe dar meu coração no lugar de uma rosa e partir.

Sabendo que parte de mim ficou com você para nunca mais esquecer..."

("O Espetáculo", by Carlos Ventura)