"Contando os Grãos de Areia da Ampulheta"

"...Quando não estás ao meu lado o agora torna-se nulo o tempo move-se lentamente as horas são lentas, pirracentas.

Quando comigo estais o agora é violentamente rápido, indeciso, impreciso, mas latente, presente.

Porto, Corpo, Alma.

A calmaria de superfície é agitada, sua pele arrepiada, minhas mãos a percorrer seus vales, planícies.

Desejos em erupção, orvalhar gozoso, serpentear de pernas e todo o tempo do mundo reduzido ao nosso instante, sob os grãos de areia da ampulheta.

Nosso tempo permanece constante em nós quando termina, distantes, separados por oceanos de circunstâncias.

Como continentes, vivendo suas vidas.

Esperando o próximo lapso no tempo, o engasgar da ampulheta, para um novo momento, um próximo seguimento..."

("Contando os Grãos de Areia da Ampulheta", by Carlos Ventura)