Hoje eu lembrei de você
não de um gesto familiar, de uma conhecida expressão
mas sim de você, em si mesma e em raiz
aquela que me fez encantar muito antes de partir.
 

Hoje lembrei de você
e me perguntei porque todas as outras que cruzam
meu horizonte acidental
(faz tempo deixei de ser intencional)
apenas passam e rápidas vão se apagando
como se em si não fossem luz, mas tão só temporal.
 
Hoje lembrei de você
e me vi confrontado com esta entrevada exaustão...
Quero mexer os braços, exercitar a boca
em beijos de alucinante pecado, deusa do meu perdão...
 
Ora lembro de você e eis que tal lembrança
é muito lembrar de mim mesmo, antes vivo...
Não lhe perdoo o cirúrgico corte, antisséptico adeus
porque na mesa desta cirurgia
quem morreu fui eu.