A MACIEIRA

Velha amiga macieira,

Como lamento sua dor...

Era tão verde, tão bela,

Era tanto o seu vigôr!

Seus frutos já não são doces

E suas raizes quase podres,

Nem folhas lhe dão mais.

Sua sombra tornou-se escassa,

Os pássaros lhe desprezam,

Nem mesmo ouvem seus ais.

Pobre macieira triste

Feia como ela só...

Seus ramos não brotam mais

sua imagem causa dó!

Assim, no monte, sozinha

Onde antes tão esguia,

Destacava-se aos olhares...

Agora, silenciosa e perdida

É doente que agoniza

Entre seus tantos pesares.

Solitária macieira

Que irradiava esplendor,

O presente que deu-lhe o destino

Nada mais é que o pendor!

O sol que lhe escalda, o carrasco,

E que antes, num ameno abraço

lhe aquecia e saudava,

Agora castiga impiedoso

Seu trônco que outrora ramoso

À todo ar perfumava.

Minha querida amiga,

O que foi que lhe aconteceu?

Por que teima em manter-se viva?

Por que ainda não morreu?

Se aquelas maçãs suculentas,

Sadias, frescas, vermelhas,

Já não lhe nascem mais...

Se, quando as procura, o passante,

Enfurecido repete:

_ Maçãs? Quais? Onde? Quais?

Corajosa macieira...

Sozinha como ela só!

Semente que fecundou a terra,

E que se recusa a ser pó!

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NOTA: REPOSTAGEM DE UM TEXTO JÁ PUBLICADO EM 13-10-05