Doía.


Doía...Tanta falta que fazia.
Aos olhos de quem a via
a certeza que doía
na vida que alí vivia.

Corroía toda a argila
no estômago o que não engolia,
de uma vida de sozinha.
Nos ossos esburacados,
osteopenia, abismo que a definia,
gasta de tanta mágoa.

E a envolvia, toda encolhida,
a saudade do feto no ventre
materno e quente,
aconchegando em magia.

Doía... aos olhos de quem a via,
o desamparo dos feios,
que a tinha no abraço dos sós,
só os tristes sabem...quantos nós...

E do que a vida a continha se despedia
em mortes cotidianas,
depressivas marcas, desconsolo só,
restando no corpo, o que percebia
na alma e no coração.
O colo e o afago da memória
no antigo ventre quente...a história.
E a saudade pra aquietar e consolar
a mente...na solidão...