ENTORPECIDA

Da janela vejo a vida

Acontecendo, rodopiando

Tudo é movimento, tudo gira

E fico em casa apenas observando

Rostos pintados, expressões de alegria

Lembrando revistas de cartuns

Na parede, a imagem do orgulho:

O anel, a chapéu e o canudo

Melancolia que me torna entorpecida

Minha estante ausente de triunfos

Importunos são as divisórias vazias

E nas paredes as rachaduras são o orgulho

As lágrimas escorrem pela pia

E no espelho me assusto com o futuro

Pela imagem revelada que indica:

Insegurança, medo, sem um porto seguro

Ausentam idéias e estímulos, faltam-me sussurros.

Entorpecida pela vida, não tenho,

Mais satisfação pelas coisas bonitas

Falta-me reação, um lampejo

Apenas hiberno, esperando uma saída

Olhando nas ruas, nas revistas, os sorrisos alheios!

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Publicado no Diário de Assis