ELEGIA DO ADEUS

Elen de Moraes

Adeus, meu amor, adeus!

Aqui me deixas tão triste,

Desiludida e tão só...

Por que foste embora assim,

Sem desatares o nó

Que se fechou dentro de mim?

Sei que nada é para sempre,

No entanto, por que é que a gente

Não se acostuma às partidas?

A tantas vindas e idas?

A implacáveis despedidas?

Ah... Não sei mais o que fazer

Pra tocar a vida em frente,

Pra te arrancar do meu peito,

Pois meu corpo ainda tão rente

Do teu corpo, no meu leito,

Rumina a fantasia

De ser teu, mais uma vez...

Encho minhas noites vazias

Com nosso amor tão perfeito...

Dispo minha timidez,

Visto-me com tua ausência

E satisfaço a carência...

Digo do adeus que dissemos:

Por amor, a maior dor

Que por alguém já sofri.

Não há mágoa, indiferença,

Nem tampouco raiva em mim,

Somente esse grande amor

Não esgotado até o fim.

Agora esse sofrimento

Transforma-se no epicentro

Da minha maior agonia:

Amar-te, em sonhos, nas noites...

Perder-me dia após dia...

Publicado na Antologia Terra Lusíada