A Fala de uma EX Prostituta

Estou cansada...deixei a panela a espera....o arroz quente já se fazia frio..mandei chamar o chefe...e me pus subtilmente sobre a esteira da minha irreversível vida...

Pensei como não fazia ha muito... e mesmo sem pretender surgiste-me no escuro...-Porquê?? de onde foi que isso saiu?? Perguntei-me sobressaltada?? A mandioca do ZE Povinho sucumbiu...e a loiça que lhe pariu o filho já não é do mesmo Freguês...

Desci, corri, o meu mamilo descaído...encontrou-me na escada, caiu,..sucumbiu...já não sou mais a mesma pensei....esta vida de busca incessante e desenfreada procura de pão...me destruiu o o vario...de onde JOSE aquele que nunca tive...devia ter nascido...

Pus as mãos a cabeça...para que sirvo agora?? me exclamei sem a mesma ansiedade de antes....fui...já não sou...

Na verdade acabei por me aperceber que morrer...fui morrendo aos poucos...dando do pouco que tive...e em uso das economias lá em casa...se é que podia chamar casa....fui me apercebendo que da "vida fácil, paradoxalmente difícil", a poesia se escondia na pornografia dos ossos esticados ..a procura de não sei o que...que confesso nunca encontrei....

Hoje, mais madura penso, existo, insisto ser até...mas só em pensamento, porque o desgaste do trabalho me empod(b)receu os ossos.., não me reconheço. Aquele meu sorriso de menina...desapareceu com atitude dos tempos...mesmo que me estrele nas passarelas de hollywood, vestindo o quase nada que implora o calor das moedas, faça arte nas tintas dos cabelos, me besunte com batons.. no esconde, esconde da palavra do não dito, mesmo assim, já não dou música para o corpo, meu brilho se foi....o meu balançar descompassa no pesado ser que me parece agora constante....

O arroz secou...o chefe lá em casa...agora me governa...me deixa nas noites...pelas meninas que já fui...., hoje ainda que me pareça mais satisfeita...a felicidade continua a não me encontrar.....

O arroz lá em casa...nunca soube bem...ando a procura de um pão que me de felicidade...agora é o chefe que me prende...mas um dia...me solto...para me coordenar...As economias..é o mais difícil...vender-me como antes não serve...ninguém compra agora...já morri...agora quero renascer para voltar morrer condignamente....

Tânia Tomé
Enviado por Tânia Tomé em 26/01/2006
Reeditado em 19/06/2008
Código do texto: T104173
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