Doce Anjo

...eles passam e você não os vê, mas este, eu vi e toquei.

Poderia ser uma manhã qualquer, onde a rotina guia os nossos passos e alegria dura segundos;

Poderia ser um dia normal, comum, natural... o cotidiano impõe regras e devemos obedece-las, mas aquela manhã me reservava algo especial.

Minha posição de humano me limita, e minhas atitudes dependem do mundo que me rodeia, meus sentimentos são respostas às evidências da realidade e o batimento do meu coração se altera a todo instante que me deparo com algo novo, promissor, diferente... atarante.

Tenho poderes – limitados poderes – vivo em busca de respostas que parecem que nunca serão respondidas... vivo em busca de uma paixão, avassaladora, que passe por minha vida e me extraia deste mundo que parece não ter saída... mas aquela manhã era especial.

Ela apareceu linda... não sei onde a encontrei, não lembro... mas isso não importa, o que importava era a sua presença, mesmo que auxiliada por uma máquina, um software... não pude sentir o teu perfume e nem ouvir a sua voz.... mas vi em tua bela face o poder da sedução, o domínio da paixão, o preenchimento da minha solidão a luz em minha profunda escuridão.

Mas não poderia me apaixonar, nem desejar... não poderia suplicar por um beijo ou abraço; afastar-se-ia se eu pedisse um afago....

Como ela é especial, a verdade é que aquela manhã era normal, mas a sua presença tornava em sobrenatural o meu mundo, ela surgiu do nada e estava ali em minha frente, sorridente, deixando-me contente.

As noites foram longas, a insônia conversava comigo, e eu assistia a bela apresentação de canto matinal dos galos...

Como as minhas noites custaram a passar... tentava extrair de mim aquele desejo... sei que não poderia fazer-lhe de minha amada, ela é pura, doce, amável... e eu? Eu era um emergente a espera de uma mão salvadora.

Lembro-me do teu cabelo... liso, negro, lindo cabelo... como um véu, protegia a bela face que encadeava meus olhos.... minha atenção era sugada pelos seus olhos... olhos poderosos banhados por mel, olhos penetrantes, desconcertantes e estonteantes, não podia imaginar, eu estava dominado.

Pulei o muro dos limites, passei por debaixo da distância e munido de coragem me pus à sua frente... estava realizado, estava tão perto que pude observar a pureza de sua pele, eu era um animal comparado a ela, não sabia o que falar, só queria olhar os seus olhos e me deixar hipnotizar.

Como és poderosa, perfumada, majestosa... mulher dotada de um preciso poder: A Sedução.

Tomado de ousadia roubei-lhe um abraço, rápido, mas o suficiente para sentir o calor do seu corpo, o seu perfume, pude tocar-lhe a mão e roubar um pouco da sua energia fazendo-me sentir a sensação de estar mais vivo, mas cheio de paz, cheio de vida.

Ela se foi, um aceno substitui nossas palavras e hoje, uma longa ponte nos separa... e triste penso: Quando poderei ver aqueles olhos brilhantes banhados por mel mais uma vez?

Com carinho,

Michel Leal
Enviado por Michel Leal em 20/04/2006
Reeditado em 19/02/2016
Código do texto: T142369
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