Fragmentos - II

Tudo em nós parece natural. Milhares de experiências se acumulam em cada um de uma forma diferente. Lembrei-me de uma criança que conheci. Tinha três anos. Nela, já existia ao infinito uma grande quantidade de experiências, uma velha e bela sabedoria. O “não” mil vezes repetido e apreendido, a voz da mãe, do pai e dos irmãos. Algumas dezenas de palavras, sons, objetos com que se brinca diariamente de montar, atos de carinho, passar a mão no rosto, mandar um beijinho, abrir a porta movimentando a tranca e a fechadura. Na cabeça cabem tantas coisas. No coração, porém, cabem coisas demais.

Vi, mais tarde, um jovem de 20 anos e pensei no acúmulo do seu conhecimento. Bons e maus, estudos, memória escrita e visual, amores e ódios. Nenhum outro ser sabe tanto quanto o animal humano, nenhum guarda tanto quanto nós.

Finalmente: pensa num velho. Quanta dor, quanta força. Às vezes a dor me pega de um jeito tal que me abraça e me aperta demais e não há saída possível. Sinto que a cabeça roda e não vejo saída. Só isto.

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