Divagações sobre a presença e a ausência de luz

Ainda que seja pouca, sempre há a luz,

em qualquer lugar, em qualquer pessoa,

e um pequeno facho de luz é suficiente

para iluminar um grande espaço escuro.

A escuridão não consegue invadir a luz,

já que nada mais é que a ausência de luz.

Cada um de nós tem luz própria,

porque o Criador assim o quis,

sejamos bons, façamos o bem,

potencializando nossos reflexos.

Devemos procurar sempre o acertar

mas assumamos o nosso compromisso

do movimento/vida que o Pai nos deu

e caminhemos/trabalhemos nossas luzes,

ainda que possamos errar sem querer,

pois nunca haverá mérito nenhum

naquele que busca não errar na inércia,

que já é um erro contrário ao movimento.

Então, alguém que encontra a verdade,

ainda que possa entrar, pode sair de qualquer lugar,

intervindo positivamente, interagindo, levando luz,

deixando um rastro de luz onde havia ausência,

para que muitos possam seguir.

E se, no início, os que desconheciam a luz

possam não ser faróis, nem mesmo lanternas,

que comecem sendo vaga-lumes na noite

daqueles que não se encontraram claridade,

como são as estrelas faiscando no firmamento.

porque Aquele Que É assim nos criou

- iluminados por Sua Excelência Suprema.

Não devemos nos afastar da luz do bem que Deus nos quis,

visto que indo contra a nossa essência de nascimento vital,

seremos insatisfeitos e infelizes e faremos outros mais ainda

indo contra a nossa natureza, que se manifesta na bondade.

A verdadeira bondade vem da nossa sabedoria/encontro

em sermos imagem da semelhança que temos com Deus.

Não importa quão perdidos estejam muitos, sejamos luz,

pois a luz percorre espacialmente 300.000 km/h

enquanto a escuridão permanece presa e se move

apenas nos lugares onde a luz ainda não chegou,

já que no choque dessas matérias a luz resplandece,

ocupando um lugar que ainda não contemplava,

e as trevas que nele existiam ou foram eliminadas

ou, fulgidias, sairam em busca de um novo esconderijo.

Não se pode medir o valor de uma luz pelo seu tamanho,

mas pela necessidade dela estar presente aonde ilumina.

Em todo universo, há muito espaço com ausência de luz.

Em toda pessoa, como pequeno mundo que é,

sempre haverá um lugar para novas centelhas,

iluminando os espaços que outrora eram vazios.

O que importa é movimentar claridade,

mesmo que a receita seja diferente,

já que cada um de nós é desigual,

mas que o conceito de normalidade

seja norteado pelo bem que se constrói.

Tentemos então vislumbrar a ausência

do que nos falta para sermos melhores

e fazermos do mundo um lugar melhor,

pois a revolução começa dentro de nós.

Ana da Cruz. Divagações sobre a presença e a ausência de luz. Recanto das Letras, 2009.