Bolero de Ravel

Disse uma senhorita que não era preciso entender o significado de uma letra para se entender uma música. E ela escrevia letras puramente sem significado. Certas músicas não a tem. No texto "Qual a sua música" eu disse que eu não tinha uma. Realmente não posso afirmar que tenho, mas tem uma que aproxima-se perigosamente do cargo. O bolero de ravel. Dizem que não é preciso entender significado de letra para entender uma música. Digo que uma música não precisa ter letra para significar algo. Precisa apenas ser escutada. Ouvida, escutada, vivida. Por ouvidos atentos. Assim ecoa pelo infinito o bolero de ravel.

Tambores... de guerra. Uma guerra entre magos. Uma mágica, não mais música.

Flautas, de uma música para magos. Magos da música, música de magos.

Um trio que anda junto. em trio estão prontos para a nova jornada.

Harmonia, melodia e magia. Poesia.

Poesia sem nenhuma palavra, porém com muitos sons.

Caixas. Caixas de pandora, caixas da aurora Boreal, surreal e transcendental.

Vem novamente com flautas mágicas para atrair cobras. Ratos. Todas as peçonhas, para fora!

Harpas, dando um toque angelical. Um toque que transcende som, música, coração, carne, espírito.

Novas flautas, nunca em falta. Falta algo para acompanhá-las? Talvez, mas elas gostam de aparecer sozinhas as vezes, como todos as criaturas faceiras e astutas da floresta antiga.

Vão e vem, anos, estações, pessoas e coisas, não do mesmo jeito, não da mesma forma, mas de alguma forma sempre recomeçam. Não importa muito onde ou quando. Assim como flautas e harpas, em harmonia exótica.

Sax. Um Saxofone. Um dos antigos, novo entre instrumentos, novo por do sol. Quando a jornada do sol termina, começa a jornada do sax. Começa a jornada mestra. A jornada de uma orquestra.

Tranquilidade? Um pouco, um pouco de pressa comparado a alguma coisa. E tudo é comparado, medido e pesado para o equilibrio delicado ser mantido. Nunca deve ser perdido. Nunca o foi por aqui.

Faltam sete. Não falta a perfeição. Nunca está em falta, para isso é breve. Por isso existem poucos perfeitos, existem em momentos etéreos. Em cordas de um violino. em arcos de vários violinos. Em tom de fim vespertino. Voltam os tambores, em comitiva, não mais sozinhos. Acompanham a cortesia, alegria, magia, poesia, melodia, até onde eu iria para descrever o que é magia? Quem sabe em alguma época de dragões e cavaleiros algum eremita não saberia? Não apenas responde essa questão, responde a muitas outras. E continua o andar da comitiva.

Mudança. De cenário. Mudam os ventos. Muda a melodia. Mantêm-se a harmonia. Mantêm-se o ritmo da marcha ao infinito. E além. Além de tudo, no fim de tudo, nada é nada, ou pode tornar-se tudo. tudo o que se precisa para escutar. Tudo é escutar. Escuta-se o som de cascos, de amigos, de risos, de magos, de mágicos, de circos e palhaços, de pierrots e bailarinas, de violoncelos e serpentinas, de harpas da grécia antiga. De mestres em filosofia. De mestres. Mestres e aprendizes em puros ápices. Ápice. Este deve ser o verdadeiro fim. Mas dizem que todo fim é um recomeço. Assim como a melodia, tudo recomeça, o ciclo recomeça, nunca igual ao anterior.