rApsÓdiA dA sOLidÃo

Existem pessoas que ficam silenciosas quando falam. Substituem fonemas por pupilas. Letras por claves. São mímicos por natureza. Odeiam despedidas e fazem apologia à meditação. Apreciam montanhas, pique-niques aos domingos e fotografias sob o pôr-do-sol. Prevenidos, carregam dicionários junto ao kit de primeiros socorros. A maioria já estudou teatro um dia. Mas hoje mora em algum bulevar.

Acordam no meio da noite para beber água. E trocam sede por insônia. Abajur, livros velhos. Quadros chiques. Pijamas. Lembraças de abraços afetuosos. Elogios. Convites. No espelho, o reflexo da nostalgia. Pesar e barulho de chuva. No divã, agenda telefônica, controle remoto. E cigarros para queimar junto com a rapsódia da solidão.

Enxaqueca.

Angello
Enviado por Angello em 17/12/2006
Reeditado em 18/12/2006
Código do texto: T321056