Sou como a lua

   Assim como a lua, nossa vida constitui-se de fases.
  Às vezes estamos cheios, repletos de alegria, de otimismo, de esperança. Outras vezes estamos minguados, apagados, com a sensação de que ninguém nos vê. Nem nós mesmos nos vemos.
  Aí, começa um novo ciclo. Nós vamos recuperando a vontade de ser, de estar: de ser feliz, de estar vivo. A gente vai crescendo e, nesse crescente, a gente se gosta, se acha bonita. Tudo é motivo para sorrir, para se enfeitar, para se agradar.
  Quando a gente “é lua cheia” todas as coisas ganham sentido, tudo é agradável e até mesmo os problemas parecem pequenos e fáceis de serem resolvidos. O bom-humor impera e a gente nem se importa com o tempo, se está ensolarado, se está nublado. O importante é que dentro da gente tudo está limpo, leve como brisa.
   A fase muda. Tudo muda. Nosso coração se aperta com uma simples palavra mal colocada, com uma pequena indiferença daqueles que a gente ama e qualquer probleminha ganha vultos de tragédia. Vem o choro, a angústia, o desânimo, o descrédito em coisas em que antes acreditávamos de olhos vendados. A gente vai se apagando, sumindo, encolhendo, retraindo, esquecendo da alegria que até alguns dias atrás era visível nos olhos e nos lábios.
  Novamente as coisas vão voltando. Devagar, mas vão voltando. A gente vai crescendo outra vez, começa recuperar a auto-estima, revê posições, deixa de lado o pessimismo e cresce. Ainda não é a plenitude, mas é o caminho para chegar a ela.
  Observando a natureza atentamente e a mim mesma, aprendi uma coisa muito importante: a natureza é cíclica, portanto, eu também sou, já que faço parte dela. Não adianta reclamar do calor quando é tempo de verão, nem do frio quando é inverno. Tudo é como é, como deve ser.
  Se a lua está cheia, foi preciso ser nova e crescente. Em uma semana ela se ocultará, se esconderá dos nossos olhos, mas não deixará de existir. Estará apenas cumprindo seu destino, atravessando seus ciclos.  Assim também eu sou. Acho que todo mundo é.
  Haverá dias muito brilhantes e outros escuros em minha jornada. Viverei tempos de sol e de chuva, dentro e fora de mim. Eu só terei que ter paciência para esperar que a chuva passe, que o sol brilhe e que a minha lua se complete inteiramente, novamente.
 
 
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 12/11/2012
Reeditado em 12/11/2012
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