MÃE E PAI

MÃE E PAI

Eu era bem pequeno mas me lembro muito bem...

Quando à noite me sentia inseguro, carente ou desconfortável, eu gritava:

- Mamãe, eu quero água!

Papai lá vinha, solícito sempre, apesar de sonolento e cansado, trazendo num copo a água mais deliciosa e lenitiva do mundo.

Eu já tinha tamanho suficiente para alcançar a talha (filtro) d'água, e tirar a minha água sozinho.

Mas sempre escondi este fato.

Algum tempo depois, descobri que mamãe sabia disto muito bem....

Que isto escondera de mim também durante todo tempo.

E que papai sentira muito quando parei de incomodá-la (a ela, mamãe).

Talvez ficara aguardando que eu novamente a solicitasse, para que ele pudesse num só ato praticar dois carinhos.

Para com ela e para comigo.

Era mesmo assim...

Mamãe, o mais zeloso pai; e papai, a mais carinhosa mãe que alguém pudesse querer.

Apesar de não mais pedir, eu nunca prescindi daquela "água"

e mesmo que pudesse dizer a eles que já alcanço a talha, não o faria.

Ah...

O amor e suas formas perfeitas...

Leopoldina, MG.

Balzac José Antônio Gama de Souza
Enviado por Balzac José Antônio Gama de Souza em 10/05/2007
Reeditado em 21/05/2007
Código do texto: T482014