Entre as falésias

Entre as falésias havia o buraco do boi, coisas da minha infância e que eu nesta época vivia a freqüentar. Era uma falésia um tanto longa e que tinha em seu fundo uma nascente que vertia água do alto e lá nós tomávamos banho. Esta brincadeira ficava em Majorlândia, uma praia maravilhosa perto de Aracatí.

Havia as areias coloridas, as caravelas, água vivas e muitos peixes. Havia pouca gente, realmente naqueles dias, mas a aragem era bastante e a água morna do mar vivia a nos engraçar. O canto das gaivotas o rugido do vento entre as fendas e o sorriso dos raios do sol sempre a nos temperar.

Ainda ouço as nossas vozes, gritando entre as falésias, escutando ao longe o eco que nos respondia o chamado como se fora ele, o próprio eco outra pessoa que estivesse a nos falar. Tudo isto é poesia, tudo é felicidade. Lembranças da minha infância que eu guardo com carinho, aqui, no meu Ceará.

E assim vai-se passando o tempo, nosso corpo envelhecendo nos deixando a saudade. Tantos entes queridos, tantas palavras passadas, mas nenhum jamais foi perdido pois eu guardo no meu coração, cada sentimento, pensamento ou ação. Sei bem o que foi e sei bem o que sou e se sou devo àqueles que se foram.