SARAIVA, Antônio. História da literatura portuguesa. In: Luís de Camões. 11. ed. Porto: Porto Editora, 1979, cap. III, p. 223-367.

SARAIVA, Antônio. História da literatura portuguesa. In: Luís de Camões. 11. ed. Porto: Porto Editora, 1979, cap. III, p. 223-367.

Palavras-Chave: Luís de Camões; Vida e Obra; Características da Poesia; Lírica de Camões.

OLIVEIRA SILVA, Francisco Geimes de - UECE/FAFIDAM

geimesraulino@yahoo.com.br

NORONHA, Denise - UECE/FAFIDAM

Nesse terceiro capítulo, Saraiva (1979, p. 323) expõe as problemáticas de apuração da abastada poética de Luís Vaz de Camões, nascido talvez em 1524 ou 1525 e faleceu no dia 10 de Junho de 1580, é freqüentemente concebido como o maior poeta de Língua Portuguesa e um dos maiores da Humanidade. O seu gênio é comparável ao de Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare. Das suas obras, a epopéia Os Lusíadas é a mais expressiva.

Por ser muito polêmico socialmente com os outros poetas (escritores), Camões se manteve aquém dos grupos letrados como o de Sá de Miranda. Esses problemas fizeram com que Camões seguisse a carreira armada, conseqüentemente, em combate ele perdeu um olho.

Devido as suas condições complicadas financeiras, alistou-se para a Índia, porém não embrcou, posto que agrediu um funcionário do Paço e foi preso, depois de alguns meses foi solto.

Saraiva (1979, p. 324) reforça à necessidade de Camões ao ter que exercer esses cargos e buscar meios para expandir seus poemas (trabalhos). Isto significa dizer ainda que a perspectiva neoplatonica que inspira os poemas camonianos é muito semelhante a definida por Platão, com uma única exceção: como resultado final, em lugar da contemplação do “belo em si”, o processo de purificação amorosa aproxima o homem das coisas divinas.

Como valores a serem alcançados pelo exercício de purificação pessoal, os neoplastonistas conservam aqueles identificados por Platão: o Bem, o Beto e a Verdade.

A sua família é de origem galega que se fixou na cidade de Chaves e mais tarde terá ido para Coimbra e para Lisboa, lugares que reivindicam ser o local de seu nascimento.

O pai de Camões foi Simão Vaz de Camões e sua mãe Ana de Sá e Macedo. Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama.

Entre 1542 e 1545, viveu em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. João III, conquistando fama de poeta e feitio altivo.

Ligado à casa do Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, e talvez preceptor do filho D. António, segue para Ceuta em 1549 e por lá fica até 1551. Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia Aquela que de amor descomedido. Num cerco, teve um dos olhos vazados por uma seta pela fúria rara de Marte. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate.

De regresso a Lisboa, não tarda em retomar a vida boémia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria irmã do Rei D. Manuel I. teria caído em desgraça, a ponto de ser desterrado para Constância. Não há, porém, o menor fundamento documental de que tal fato tenha ocorrido. No dia de Corpus Christi de 1552 entra em rixa, e fere um certo Gonçalo Borges. Preso, é libertado por carta régia de perdão de 7 de Março de 1553, embarcando para a Índia na armada de Fernão Álvares Cabral, a 24 desse mesmo mês.

Chegado a Goa, Camões toma parte na expedição do vice-rei D. Afonso de Noronha contra o rei de Chembe, conhecido como o "rei da pimenta". A esta primeira expedição refere-se a elegia O Poeta Simónides falando. Depois Camões fixa-se em Goa onde escreveu grande parte da sua obra épica. Considerou a cidade como uma madrasta de todos os homens honestos. Lá, estudou os costumes de cristãos e hindus, e a geografia e a história locais. Toma parte em mais expedições militares. Entre Fevereiro e Novembro de 1554 vai na armada de D. Fernando de Meneses constituída por mais de 1000 homens e 30 embarcações, ao Golfo Pérsico, aí sentindo a amargura expressa na canção Junto de um seco, fero e estéril monte. No regresso é nomeado "provedor-mor dos defuntos nas partes da China" pelo Governador Francisco Barreto, para quem escreveria o Auto do Filodemo.

Em 1556 partiu para Macau, onde continuou os seus escritos. Viveu numa gruta, hoje com o seu nome, e aí terá escrito boa parte d'Os Lusíadas. Naufragou na foz do rio Mekong, onde conservou de forma heróica o manuscrito de Os Lusíadas então já adiantados (cf. Luis., X, 128). No naufrágio teria morrido a sua companheira chinesa Dinamene, celebrada em série de sonetos. É possível que datem igualmente dessa época ou tenham nascido dessa dolorosa experiência as redondilhas Sôbolos rios.

Regressou a Goa antes de Agosto de 1560 e pediu a protecção do Vice-rei D. Constantino de Bragança num longo poema em oitavas. Aprisionado por dívidas, dirigiu súplicas em verso ao novo Vice-rei, D. Francisco Coutinho, Conde do Redondo, para ser liberto.

De volta ao reino, em 1568 escalou na ilha de Moçambique, onde, passados dois anos, Diogo do Couto o encontrou, como relata na sua obra, acrescentando que o poeta estava "tão pobre que vivia de amigos". (Década 8.ª da Ásia). Trabalhava então na revisão de Os Lusíadas e na composição de "um Parnaso de Luís de Camões, com poesia, filosofia e outras ciências", obra roubada. Diogo do Couto pagou-lhe o resto da viagem até Lisboa, onde

Camões aportou em 1570. Em 1580, de regresso a Lisboa, assistiu à partida do exército português para o norte de África. Morre numa casa de Santana, em Lisboa, sendo enterrado numa campa rasa numa das igrejas das proximidades.

Em se tratando de sua obra, os Lusíadas, é considerada a principal epopéia da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. As realizações de Portugal desde o Infante D. Henrique até à união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na História, marcando a transição da Idade Média para a Época Moderna. A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia. É uma epopéia humanista, mesmo nas suas contradições, na associação da mitologia pagã à visão cristã, nos sentimentos opostos sobre a guerra e o império, no gosto do repouso e no desejo de aventura, na apreciação do prazer e nas exigências de uma visão heróica.

No seu conjunto, a estética da redondilha caminiana talvez se passa comparar a das fases finais do estilo gótico, como a flamajante ou a manuelina, pela desenvoltura formalista mais oficional do que individualizada dos seus moldes, pelo carácter prefixado e impessoal dos trocadilhos, das imagens (já reduzidas a símbolos usuais), pelo seu jogo consumado de ambiguidades que só a entonação viva desfaz. [...]. (SARAIVA, 1979, p.328). [grifo nosso].

Neste trecho observa-se como a arte do poetar camoniana é caracterizada literariamente pelo:

humanismo; antropocentrismo, racionalismo (decadência dos valores religiosos).

a arte como mímese: imitação de modelos da Antiguidade – harmonia, equilíbrio, proporção de formas.

substituição da medida velha medieval (versos de 5 e 7 sílabas métricas – redondilha menor e redondilha maior) pela medida nova, proveniente da Itália (versos decassílabos – soneto).

poesia lírica e poesia épica.

A obra lírica de Camões foi publicada como "Rimas", não havendo acordo entre os diferentes editores quanto ao número de sonetos escritos pelo poeta e quanto à autoria de algumas das peças líricas. Alguns dos seus sonetos, como o conhecido Amor é fogo que arde sem se ver, pela ousada utilização dos paradoxos, prenunciam o Barroco.

Conforme Saraiva (1979, p. 325) concorda que a literatura camoniana fundamenta-se em muitas correntes artísticas e ideológicas do século XVI em Portugal. Por isso, na obra poética de Camões é percebido dois estilos não só diferentes, mas talvez até opostos: um, o estilo das redondilhas e de alguns sonetos, na tradição do Cancioneiro Geral; outro, o estilo de inspiração latina ou italiana de muitos outros sonetos e das composições (h)endecassílabas maiores. Chamaremos aqui ao primeiro o estilo engenhoso, ao segundo o estilo clássico.

O estilo engenhoso, tal como já aparece no Cancioneiro Geral, manifesta-se sobretudo nas composições constituídas por mote e voltas. O poeta tinha que desenvolver um mote dado, e era na interpretação das palavras desse mote que revelava a sua subtileza e imaginação, exactamente como os pregadores medievais o faziam ao desenvolver a frase bíblica que servia de tema ao sermão. No desenvolvimento do mote havia uma preocupação de pseudo-rigor verbal, de exactidão vocabular, de modo que os engenhosos paradoxos e os entendimentos fantasistas das palavras parecessem sair de uma espécie de operação lógica.

Dessa forma, conclui-se que as obras dele foram divididas em líricas e amorosas. Um exemplo das obras líricas foi Os Lusíadas, dividido em 10 cantos, exalta a conquista de Portugal na rota das índias. No entanto, compreendo de acordo com Abaurre (2003) os sonetos são, certamente, a parte mais conhecida da obra camoniana e que demonstra uma luta constante entre o amor material, manisfetação da carnalidade e do desejo, e o amor idealizado, puro, espiritualizado, capaz de conduzir o homem a realidade plena.

Referências

ABAURRE, Maria Luiza. Português: língua e literatura. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 27-33.

Jeimes Paiva
Enviado por Jeimes Paiva em 12/02/2009
Reeditado em 12/02/2009
Código do texto: T1435256
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