SONETO DE ANO NOVO

 

Encontrei num estranho interlúdio
o Eu-passado, menino, dando passos
ecoados no nevoeiro de algum poema,
cruzando um istmo absurdo ao céu futuro ...

 

Mas não havia cavalos no futuro,
nem casas com quintal, nem lendas poéticas;
encontrei-me pisando a terra seca,
sorrindo trapos sujos de lembranças.

 

Mas não havia presente nem passado
no futuro daquele Eu-menino;
encontrei-me calado num soneto,

 

lendo as palavras mortas do meu tempo.
Mas não havia poesia; acordei triste ...
Era Ano Novo, e só havia vazio.

 

Parte da coletânea
Alguns sonetos que fiz por aí...

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