OS DOIS CÃES

Eu tenho sempre dentro do meu peito

O cão do bem e mais o cão do mal

Numa luta feroz, pelo direito,

De me ditarem normas de ideal.

—E qual desses dois cães vence o tal pleito?

Uma vez, perguntou-me o seu Cabral,

Assim, curioso, tímido e sem jeito,

Mas de maneira firme e natural.

Então sorri feliz, com muito orgulho

— Sou humano, em vaidades me debulho —

E respondi, com zelos imparciais:

Desses dois cães famintos de vitória,

Vence — com larga margem meritória —

Aquele cão que eu alimento mais.

Lucan
Enviado por Lucan em 07/06/2006
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