OS DOIS CÃES
Eu tenho sempre dentro do meu peito
O cão do bem e mais o cão do mal
Numa luta feroz, pelo direito,
De me ditarem normas de ideal.
—E qual desses dois cães vence o tal pleito?
Uma vez, perguntou-me o seu Cabral,
Assim, curioso, tímido e sem jeito,
Mas de maneira firme e natural.
Então sorri feliz, com muito orgulho
— Sou humano, em vaidades me debulho —
E respondi, com zelos imparciais:
Desses dois cães famintos de vitória,
Vence — com larga margem meritória —
Aquele cão que eu alimento mais.