UMA CASA
Com um vaso vazio na janela,
Sem roupas no varal bem esticado,
O fogão sem uma única panela
Como se fora um corpo mutilado,
Essa é a casa do pobre desprezado,
Uma prisão, soturna passarela,
Onde o silêncio grita triste fado.
Em tudo só se vê atroz mazela.
O lixo cobre tudo e a dor espraia
No jardim maltratado a flor desmaia,
Nem o canto de um pássaro sequer...
Eis um mundinho que a ninguém apraza,
O retrato falado de uma casa,
De uma casa infeliz... e sem mulher!