A VOCÊ
Um dia fiz soneto à minha amada
Em que contava o meu final modesto!
Mostrei-lhe de antemão a obra acabada
Certo de ser coerente e bem honesto.
Ela leu. Friamente agoniada
Respondeu-me em simplório manifesto,
Com uma só palavra aligeirada:
Somente assim, sem digressão: DETESTO...
Agora eu lhe respondo que o meu barco
À deriva era um gesto, um certo marco
Onde a vida feliz começaria,
Tal como a praia alegre, à luz do sol,
E, à tarde, a nostalgia do arrebol
Quando alguém recitava uma poesia!!!