METEMPSICOSE
De uma anipnia escravo e sem remédio,
Auscultando o silêncio, em fantasia
- Explode o peito em amargoso tédio -,
E acaba de compor uma poesia.
Da rigorosa métrica, o assédio
Vem queimar-lhe os neurônios em porfia,
E as rimas para um fúnebre epicédio
São escolhidas por analogia.
O homenageado, Amigo extraordinário,
Já se perdia no galpão do ossário
Naquele pódio de materialistas.
E o vate arranca-o de esse cemitério
- Nessa metempsicose sem mistério –
Levando-o a novo pódio de conquistas.
Salé, 24/12/01, às 10 h 25min