AOS ABUTRES 

Devo o preço de sempre aos abutres
- porque assim reconheço amplas fraquezas.
Se eles dominam, ávidos, o vento,
tenho a dor de quem voa com limites. 

Mas os abutres, sei, não são eternos
- nem sequer aves nobres ou sagradas.
São seres que destróem as esperanças
e não se afastam nunca do que invejam ... 

Pouco de mim é bom o suficiente
para ser poeta, pouco vale à pena
- pouco de mim merece a luz que vejo. 

Mas os abutres, sei, não são perfeitos,
nutrem-se dos infernos cancerosos
- tiranos frágeis, prestes a cair ...

 

Parte da coletânea
Alguns sonetos que fiz por aí...

Download gratuito