Soneto do Espelho

As figuras que habitam meu espelho

Estão - ao que parece - de mudança.

Ao certo ainda não sei que desvairança

Veio a culminar nesta intriguelha.

Nem mesmo imaginar eu poderia

Que raio de lambança veio a ser

Do nada, de repente. E, sem saber

Qual o motivo dessa antipatia,

Sou obrigado a ouvir os desaforos,

Os impropérios, coices e as pragas

Que esses seres loucos, sem decoro

Algum me vem lançando feito adagas!

E ainda, aumentando o oxímoro,

Para ficar exigem sobrepaga!

Leonardo Antunes
Enviado por Leonardo Antunes em 07/12/2006
Código do texto: T311952