Soneto do Amar Demais

Quando em tristeza o nosso amor se fez,

Um monocromo outono apascentava,

Tardonho, o plúmbeo aspecto da tez

Em nossos corpos, cujas veias cavas

Viam parcos influxos, ao invés

Da torrente pulsante que brotava,

Harmoniosa, quando, no sopé

De montes florescentes, se dançava.

Não havia mais vida em teu rosto;

De meu peito quedara o doce canto;

Esfez-se, deste modo, em nós o gosto

E o arrebatamento de um encanto.

Pois tudo que é demais recai no oposto;

"Do excesso de riso, tem-se o pranto".

(www.eugraphia.com.br)

Leonardo Antunes
Enviado por Leonardo Antunes em 08/12/2006
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