Soneto da Porta

"Aonde vais tão sozinho?", perguntou

Certo dia uma porta para mim.

"Vou à frente, à procura dos confins

Da existência, explorando, como um grou,

Cada parte do mundo - livre! Sou

Um morador do vento, e no jardim

Da vida só me nutro de amorim,

E bebo da paixão de quem já amou."

Ouvindo-me atenta a porta esteve,

Sem mudar da aparência - tão sisuda -

Que fez de meu discurso um tanto breve.

Então, talvez tomado de uma aguda

Dúvida, como aquele que se deve

Não sabe, entrei na porta audimuda.

(www.eugraphia.com.br)

Leonardo Antunes
Enviado por Leonardo Antunes em 14/12/2006
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