NUM DIANTA

“Vamo simbora pra cidade Zé?

Aqui não dá mais nada. Desandô.

Morreu os pé de fruita, de café.

Até a braquiara, as praga já matô!

As criança tão doente. Nem a fé

A gente tem no antigo curadô.

O que será de nóis? Ah! Pobre Zé,

Vamo pra vila consurtá o dotô.

Lá tudo miora. As criança vão sará

E nóis tê o que comê, inté rezá

Nóis vai podê, no artá da Virge santa”.

O sol a pino. Sem nuvem, céu lavado.

O Zé de pouca fala, olhando o eirado,

Firme e seco responde: “ Num Dianta”!

Salé, março, 2002 Lucas