AS DORES DO FUTURO

Que ninguém leia o que eu sempre componho

Nas horas de amargura e solidão!

São tristes ais num soluçar bisonho,

Excrescências de um pobre coração.

Meu sentimento vai além do sonho,

Estoura a minha fraca inspiração.

Torno-me um monstro em linguajar medonho,

Desprezo a vida e a morte desde então.

Eu me indago: Ara! Que poeta eu sou?

E alguém responde: acabou... acabou!

Quebro a caneta e atiro-a no monturo.

Só depois, bem mais tarde — até que enfim —

Penso... os poetas devem ser assim:

Soluçar hoje as Dores do Futuro!

Lucan
Enviado por Lucan em 11/04/2007
Código do texto: T445867