AS DORES DO FUTURO
Que ninguém leia o que eu sempre componho
Nas horas de amargura e solidão!
São tristes ais num soluçar bisonho,
Excrescências de um pobre coração.
Meu sentimento vai além do sonho,
Estoura a minha fraca inspiração.
Torno-me um monstro em linguajar medonho,
Desprezo a vida e a morte desde então.
Eu me indago: Ara! Que poeta eu sou?
E alguém responde: acabou... acabou!
Quebro a caneta e atiro-a no monturo.
Só depois, bem mais tarde — até que enfim —
Penso... os poetas devem ser assim:
Soluçar hoje as Dores do Futuro!