CIÚME: BOM OU MAU?
Depois de tanto tempo é que eu notei,
Num laivo de rancor e de azedume,
Um estranho dilema que nem sei:
Como é perverso e horrível o ciúme!
Rouba a nobreza até ao próprio rei,
E do mendigo torce o tal costume
Que o faz feliz diante à sua grei,
E acelera o rancor – atroz queixume.
O ciúme nos zera a inteligência,
Esgota-nos a doce complacência
E animaliza o nosso próprio ser.
Mas... Em dose pequena o tal ciúme
Pode ser bom, pode acender o lume
De nossa força, súplica e poder.