O ENSAIO LITERÁRIO

(do Latim exagiu[m] = ação de pensar)

 

Em Francês essai, Italiano saggio, Inglês essay, Espanhol ensayo.

Ensaio designa um gênero literário de difícil caracterização. Torna-se praticamente impossível estabelecer com rigorosa precisão os limites do ensaio. “Daí que os estudiosos do assunto tendem a reunir sob idêntica denominação obras contrastantes, enquanto certos autores empregam abusivamente a palavra ensaio no título de livros.” (Massaud Moisés, A Criação Literária)

De modo geral, o ensaio é uma composição, geralmente em prosa, de pequena extensão, que discute, descreve e analisa um tema, sobre um assunto qualquer, sem se basear em formalidades externas como documentos e provas de caráter científico. Em razão disso, dizer-se que o ensaio é o auto-exercício da razão que por isso mesmo repele toda e qualquer influência externa. Seja qual for o tema, o objetivo é a avaliação do seu próprio julgamento, o aprofundamento das suas inclinações. Por isso, o ensaísta não deve concordar com pontos de vista de outras pessoas acerca de seu trabalho. If your ideas are original or different, so long as you develop them clearly, use evidence intelligently and argue persuasively, your point of view will be respected.Se as suas idéias são originais ou diferentes, desde que você as desenvolva claramente, utilizando uma argumentação inteligente e persuasível, o seu ponto de vista será respeitado. Porém um texto mal encadeado do ponto de vista lógico não só revela fragilidade no raciocínio exposto ou no modo de tratá-lo, como ainda frustra o leitor.

 Há duas correntes distintas no gênero ensaístico: o ensaio familiar ou informal e o formal ou discursivo. O primeiro adota um tom leve, impressionista, e procura exprimir uma reação pessoal e íntima diante da realidade, sem estrutura clara ou preestabelecida. Já o segundo é peça longa, concludente, escrita em linguagem austera, de intenção lógico-discursiva e de especulação nitidamente intelectualista. (Encyclopaedia Britannica)

 E, conforme o assunto em pauta, literário, filosófico, antropológico, sociólogo etc. Não devemos confundir o ensaio com o tratado, que é uma obra que expõe de forma didática um ou vários assuntos a respeito de uma ciência, arte etc.

De início, o ensaio era uma breve divagação acerca de pessoas, fatos, paisagens e estados de alma; pode-se dizer que desde a Antiguidade era praticado, ainda que sem a denominação por que veio a ser conhecido. Assim, a Poética, de Aristóteles, os Diálogos, de Platão, os escritos de Sêneca, Plutarco e outros, têm sido alinhados como ensaios. Entretanto, é dos Ensaios (Essais 1580) de Michel de Montaigne, escritor francês do final do século XVI, que deriva a conceituação moderna da matéria e o modelo seguido desde então, com algumas mudanças impostas pela natural evolução da atividade literária.

“O ensaio tem de ser necessariamente crítico”, na medida em que “a critica é a antítese do obscurantismo e traduz o repúdio do sono dogmático. Em suma, o ensaio é uma atitude ginástica do intelecto que, repudiando o autoritarismo, pensa por si só e por si próprio. Quer dizer, o ensaio é o espírito crítico, o livre-exame.” (Sílvio Lima, Ensaio sobre a Essência do Ensaio, 1944)

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Ajudaram na elaboração deste glossário:
Alfredo Bosi - História Concisa da Literatura.
Massaud Moisés - A Criação Literária
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