A ODE PESSOAL E A ODE CORAL

_________________________________________________

Estudos Literários

 

A Ode, na sua origem (Grécia, século VI a. C.), era uma forma poética de caráter lírico amoroso, que se destinava ao canto, e, por isso, serviu de inspiração ao Hino.

A Ode Pessoal ou Ligeira restringia-se a um cantar monódico, isto é, interpretado pelo próprio autor, ao som da lira, ou de instrumentos de cordas semelhantes. A poetisa grega Safo de Lesbo, juntamente com Alceu e Anacreonte, foi quem deu à ode pessoal, características definitivas: versos cuja medida variava de acordo com os efeitos musicais e emocionais pretendidos, organizados em quatro quartetos com rima ou não. Os versos receberam o nome de sáficos, e as estrofes de sáficas. Sua obra (nove volumes) foi queimada pela igreja em Constantinopla, misturadas as de Anacreonte, no pontificado de Gregório VII. Só em fins do século XIX dois arqueólogos ingleses descobriram, por acaso, em Oxorinco, sarcófagos envoltos em tiras de pergaminho, num dos quais eram legíveis uns seiscentos versos sáficos.

A Ode Coral ou Triunfal, considerada superior ao canto pessoal, era destinada um grupo de cantores [canto coletivo]. Em lugar da lira tocava-se a flauta, mais adequada às execuções vocais coletivas. Abrangia a poesia, o canto e a dança. Um poeta profissional era encarregado da letra, da música e da dança para cada ocasião.

Os temas desenvolviam ideias épicas, oratórias e dramáticas: uma vitória, uma colheita, uma festa, um nascimento, uma morte etc. Proclo Lício, filósofo grego (século V a. C.), dividiu as odes corais em três grupos:

   As dedicadas aos deuses: peã (dedicado a Apolo), ditirambo (canto de caráter apaixonado), nomo (canto que celebrava acontecimentos), adonídea (canto em homenagem a Adônis) e hiporquema (canto de cunho religioso).

   As dedicadas aos homens: encômio (canto de louvor), epinício (aos vencedores nos jogos), escólio ou canto báquico (canto a Baco).

   As dedicadas aos deuses e aos homens: parteneia (canto executado por coro de virgens) e canto rogatório (canto de súplica).

Os poemas adquiriram uma característica mais ou menos definida, com uma estrutura triádica, isto é, dividida em três distintos grupos de versos:

   A Estrofe (primeira parte – elogio) que se pressupunha um movimento por parte do coro - cantando e em passos de dança - em direção a uma das extremidades do palco (da direita para a esquerda).

   A Antístrofe (segunda parte - narrativa) tinha estrutura métrica idêntica à da estrofe; o coro, agora, se deslocava em sentido oposto ao da estrofe. Eventualmente, cada metade do coro se deslocava para um dos extremos do palco; um grupo declamava a estrofe e o outro a antístrofe.

   O Epodo (terceira parte - elogio) em que o coro se reunia no centro do palco e declamava, em uníssono, os versos finais da ode.

O formato triádico das odes corais foi adotado pelos poetas trágicos (pois se aproximava do teatro), passando a fazer parte integrante da tragédia grega.

Píndaro (século VI-V a. C.), é o representante máximo da ode coral. Em sua obra encontra-se a origem da ode moderna. Pindaro compôs 17 livros, mas chegaram até nós, apenas quatro de epinícios, com estrutura triádica. Desde a publicação das obras de Píndaro em 1513, surgiu, por imitação, a ode moderna.

Outro grande poeta clássico que influenciou a ode moderna foi o latino Horácio, com suas odes pessoais, que repetem sempre a mesma estrofe. ®Sérgio.

_________________________________________________

Ajudaram na composição do texto: Portal Graecia Antiqua. Disponível em: http://greciantiga.org/lit/lit03b.asp. / MOISÉS, Massaud. A Criação Literária – Introdução a Problemática da Literatura. São Paulo: Melhoramentos, 1973, pp. 89-91.

Se você encontrar omissões e /ou erros (inclusive de português), relate-me. Só enriquecerá este trabalho.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 09/09/2010
Reeditado em 11/05/2012
Código do texto: T2488553