O BARROCO NO BRASIL

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Escolas Literárias

O NOME

A origem do termo barroco é controvertida. Alguns estudiosos afirmam que vem de uma dedução formal (silogismo) aristotélico cuja conclusão era falsa.  Segundo outros, designaria um tipo de pérola que tinha forma irregular. A palavra irregular é bem adequada a essa escola literária, pois mostra uma das características fundamentais do estilo barroco: o culto do contraste. O termo Barroco estende-se a todas as manifestações Artísticas (música, pintura, escultura, arquitetura) da época.

Embora o termo Barroco domine, no Brasil, todas as manifestações literárias dos anos 1600 e início dos anos 1700, em alguns países o estilo barroco, caracterizado por grande afetação e pompa de palavras, recebeu denominações particulares:

Gongorismo (Espanha): derivado do nome do poeta Luís de Gôngora y Argote (1561-1627).

Marinismo (Itália): pela influência exercida por Giambattista Marini (1569-1625).

Eufemismo (Inglaterra): derivado do título do romance Euphues, or the anatomy of wit, do escritor John Lyly (1554-1606).

Preciosismo (França): pelo culto à forma extremamente rebuscada na corte de Luís XIV, o Rei-Sol. Segundo Manuel Bandeira, nos "salões a galanteria degenerou em afetação, afetação de maneiras e linguagem, que passou a chamar-se preciosismo, mais tarde satirizado por Molière em sua comédia As Preciosas Ridículas".

Silesianismo (Alemanha): por ter caracterizado os escritores da região da Silésia, que originou a Escola Silesiana.

O PERÍODO (1601 a 1768)

O Período Barroco foi marcado pela força da Igreja exercendo poder político, social e econômico. Didaticamente, o Barroco (ou Seiscentismo) no Brasil, tem como marco inicial o ano de 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira; um poema feito à cópia de Os Lusíadas, que introduz, definitivamente, o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. A partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, o movimento Barroco entra em decadência e em 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, o Barroco chega ao fim e temos o início do Arcadismo no Brasil.

CARACTERÍSTICAS

a) Culto do Contraste - característica básica do Barroco; reflexo do dilema, do conflito entre a o terreno e o celestial, o homem e Deus, a matéria e o espírito, a pureza e o pecado, o pecado e o perdão, a alegria e a tristeza, que tanto atormentava o homem dessa época: saudoso “da religiosidade medieval e ao mesmo tempo, seduzido pelas solicitações terrenas e pelos valores do mundo – amor, dinheiro, luxo, posição social” (Afrânio Peixoto). É a tentativa de conciliar tendências opostas e irreconciliáveis.

b) Cultismo ou Gongorismo: é caracterizado pelo jogo de palavras, pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, explorando os efeitos sensoriais (sinestesia), tais como cor, audição, gosto, visão tato. Predominam hipérboles, hipérbatos (inversão da ordem direta dos termos da oração) e metáforas, como: diamantes significando olhos; cristal significando água, orvalho, etc. Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol Luís de Gôngora. Daí, Gongorismo. Exemplos:

   “Suspende o curso, ó Rio [...] / Pois já meu pranto inunda teus leitos.” (hipérbole - G. de Mattos)

   “Como exalas penhasco, o licor puro [...]” (sinestesia – G. de Matos)

   “De Anarda o rosto luzia / no vidro que a retratava.” (hipérbato: O rosto de Anarda luzia / no vidro que a retratava)

c) Conceptismo ou Quevedismo (do espanhol, concepto = ideia): é a supervalorização do conteúdo, do jogo de ideias ou conceitos (desdobrando-os, apresentando argumentos, raciocínios). Neste estilo é comum o uso de antíteses e paradoxos. Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol Quevedo. Daí, Quevedismo. Exemplos:

   “Os vivos são pó levantando, os mortos pó caído”. (antítese – Vieira)

   “Incêndio em mares de água disfarçado / Rio de neve em fogo derretido.” (paradoxo – G. de Matos)

Observação: De acordo com as características apontadas em cada um desses estilos, não é sem razão dizer que o cultismo encontrou melhores condições de se manifestar na poesia e o conceptismo na prosa.

Uma Crítica Conceptista ao Cultismo: "Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chamam de culto, não me leias. Quando este estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido. [...] Este desventurado estilo que hoje se usa, os que o querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro, e negro boçal e muito cerrado. É possível que somos portugueses, e havemos de ouvir um pregador em português, e não havemos de entender o que diz?!" (Padre Antônio Vieira)

ESCOLHA DE TEMAS

O Barroco preocupou-se com os seguintes temas: solidão, sentimento de agonia, brevidade da vida, preocupação com a morte, pessimismo perante a vida, religião como alivio para as angústias.

AUTORES E OBRAS

Para conhecer os autores e obras do Barroco clique AQUI! ®Sérgio.

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Para maiores informações sobre o assunto ver: Nicola, José de. Literatura Brasileira das origens até nossos dias. Scipione, São Paulo, 1966. / Bosi, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 3ªed., São Paulo, Cultrix, 1988.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 15/02/2011
Reeditado em 21/08/2013
Código do texto: T2794022
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