TÁ FARTANDO FUBÁ

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Foi um dia um matuto queixar-se da falta de fubá nas redondezas onde morava, a um sitiante - homem muito simples que não gostava de contrariar as ideias do próximo.

— Eh, Patrão! É uma verdadeira desgraçia! Esse fubá anda pela horinha da morte. Não hai nem para tapar o buraco de um dente. Se continuar ansim, é coisa de pouco tempo se morrer de fome.

O sitiante, com sua natural cortesia, quis justificar a carestia:

— Há de ser com toda a certeza por falta de milho. Não tem chovido, decerto perderam-se as plantações lá pra suas bandas.

— Ih, Patrão! Choveu todo o ano. Água não fartou com a graça de Deus e ninguém deixou de plantar milho, louvado seja o Senhor, milho veio bonito que não se perdeu uma espiga!

— Então, já sei, será por avarias nos maquinismos dos moinhos lá de sua região.

— Também não é, patrão, os moinhos não têm desarranjo nenhuns, não hai outros como os nossos!

O sitiante já um tanto irritado, sem a natural cordialidade, ficou matutando, a olhar o matuto, e, não tendo mais nada pra dizer, saiu-se com esta:

— Então, patrício, há de ser por falta de fubá mesmo... ®Sérgio.

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Em Três Palavras.

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Advertência: Em muitas passagens deste conto, uso grafia própria do sertanejo, divergente em muitos pontos da ortografia oficial.

Se vocêencontrarerros (inclusive de português), relate-me.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquercomentário. Volta sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 07/12/2007
Reeditado em 22/01/2011
Código do texto: T767844