DÉCIMA

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É o poema ou a estrofe de dez versos. Podemos distinguir dois tipos de décima:

  A medieval: encontrada com freqüência desde o Trovadorismo até o século XVI. Segundo alguns estudiosos, era uma falsa décima, pois, compunha-se de duas quintilhas independentes pela rima e separadas por uma pausa.

  A clássica, também chamada de espinela (em homenagem ao seu presumido inventor, o poeta espanhol do século XVI, Vicente Espinel), consta de uma quadra e uma sextilha, geralmente formada por versos heptassílabos (de sete sílabas) e com o seguinte esquema de rimas: ABBA ACCDDC. A ideia apresentada na quadra é desenvolvida na sextilha:

Soltai-me, Amor enganado, [a]

Que enganado me prendeis; [b]

Que em meu poder não tereis [b]

Seguro o vosso cuidado. [a]

Sou um pastor desprezado, [a]

Que numa aspereza vivo, [c]

A toda brandura esquivo, [c]

Sujeito a todo rigor, [d]

Não posso servir a Amor, [d]

Que estou de sorte cativo. [c]

Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), poeta português.

Também chamada de pequeno soneto a décima foi vastamente empregada, sobretudo como estrofe. O poeta Gregório de Matos, entretanto, a cultivou como poema isolado:

Décima

Se Pica-flor me chamais, [a]

Pica-flor aceito ser, [b]

mas resta agora saber, [b]

se no nome que me dais, [a]

meteis a flor, que guardais [a]

no passarinho melhor! [c]

Se me dais este favor, [c]

Sendo só de mim o Pica, [d]

e o mais vosso, claro fica, [d]

que fica então Pica-flor. [c]

Os românticos não a apreciaram muito. Mas os parnasianos a repuseram em circulação. Os nossos cantadores nordestinos utilizam-na com freqüência. ®Sergio.

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Epigrama.  

Rapsódia.

Acróstico.

O Sirvintês.

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Ajudou neste estudo: Massaud Moisés - A Criação Poética; Cultrix, S. Paulo, 1977.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me. Só irá enriquecer este trabalho.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 12/09/2009
Reeditado em 09/05/2012
Código do texto: T1805598