AS CANTIGAS DE AMOR

_____________________________________

Estudos Literários

 

As cantigas de amor têm origem provençal (Provença: região ao sul da França) no período compreendido entre o século XI e XIII, que tanto influenciaram as cantigas de amor em Portugal.

Entretanto, isso não significa que os trovadores portugueses se limitaram a uma mera imitação. Em Portugal as cantigas de amor ganharam nova dimensão e maior sinceridade. Era o gênero mais praticado pelos trovadores.

O maior trovador de Portugal, D. Dinis afirma, nos versos abaixo, que os trovadores provençais não têm a mesma paixão que ele pela mulher amada; o seu sofrimento amoroso é mais sincero.

Proençaes soen(costumam) mui bem trobar (trovar)

E dizem eles que é con amor

Mas os que trobam no tempo da flor

E não em outro, sei eu bem que non

an tan gran coita (sofrimento) no seu coraçon

Qual m'eu por mia senhor (minha senhora; a amada) vejo levar.

As cantigas fundiam letra e o som, portanto destinava-se ao canto e instrumentação (viola). Dispunham-se, geralmente, em três estrofes (cobras). Quando as estrofes se encadeavam por meio das conjunções e, que, Ca, pero, se, etc., sem nenhuma quebra da sequência, a cantiga se dizia atafinda. Possuindo estribilho denominava-se cantiga de refrão, se não, cantiga de maestria. Caso a mesma idéia retornasse em todas as estrofes, com breves alterações nos vocábulos, ou substituindo-os por sinônimos, a cantiga rotulava-se paralelística (ausente na cantiga de amor).

O ambiente das cantigas de amor é sempre o palácio, com o trovador (eu lírico masculino) declarando seu amor por uma dama da nobreza, sempre referida como senhor, isto é, senhora (em galego-português não tinham feminino). Daí o relacionamento respeitoso, cortês.

Dessa forma a mulher é vista como um ser inatingível, uma figura idealizada, porque ostenta condição social superior, ou porque já é comprometida. O amor cortês exigia que a mulher que se cantava fosse casada; daí o nome da mulher amada é oculto para não comprometê-la. O tema mais comum é o amor não correspondido, por isso, o trovador canta a dor de amar e está sempre acometido da coita d'amor (coita = coitado, em galego-português, significava: sofrido, aflito, apaixonado). Esse sofrimento amoroso era tão intenso que levava o trovador a desejar a morte, única saída para sua grande dor. Como exemplo: a cantiga de amor de Bernardo de Bonaval:

"A dona que eu am'e tenho por Senhor

amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,

se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus

e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,

se non dade-me-a morte.

..............................................................

Tipos de Cantiga de Amor:

Cantiga de Meestria: é o tipo mais difícil de cantiga de amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.)

Cantiga de Tense ou Tenção: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher.

Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora (plebéia).

Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos. ®Sérgio

Tópicos Relacionados: (clique no link)

O Trovador - Estudos Literários

Cantigas de Romaria - Estudos Literários

Bardo: O Trovador do Reino Unido - Estudos Literários

_____________________________________

Para maiores informações sobre o assunto ver: Torres, Alexandre Pinheiro, Antologia da poesia portuguesa. Porto Lelo e Irmão, 1977. v. 1.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 13/05/2013
Reeditado em 16/05/2013
Código do texto: T4289239
Classificação de conteúdo: seguro