A SEMANA DA ARTE MODERNA

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Estudos Literários

 

Em 1917, a pintora, desenhista, e professora Anita (Catarina) Malfatti (1889 – 1964), fez uma exposição em São Paulo, trazendo novidades a pintura. Houve críticas violentas; tacharam-na de louca e de paranoica. Os artistas modernistas se uniram em sua defesa, e na arte diferente que precisavam revelar ao país. Por conta disso, no início de 1922, organizaram entre os dias 11 e 18 de fevereiro, a chamada Semana da Arte Moderna: festivais de pintura, escultura, literatura e música. Graça Aranha foi escolhido pelo grupo para liderar a Semana de Arte Moderna, cuja ideia surgiu durante uma exposição de pintura de Di Cavalcanti, na livraria de Jacinto Silva, onde habitualmente se reunia um grupo de jovens escritores e artistas.

A 29 de janeiro de 1922, O Estado de São Paulo noticiava: "Por iniciativa do festejado escritor, Senhor Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma 'Semana de Arte Moderna', em que tomarão parte os artistas, que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas."

Realizaram-se três espetáculos durante a Semana, nos dias 13, 15 e 17. O programa do primeiro festival compreendia a conferência de Graça Aranha – "A emoção estética na Arte Moderna", ilustrada com música de Ernani Braga e poesia de Guilherme de Almeida e Ronaldo de Carvalho, ao que se segue um concerto de música de Villa-Lobos.

A grande noite da Semana foi à segunda, entretanto houve algazarra, assobios e vaias. No terceiro espetáculo, dia 17, o concerto de Villa-Lobos foi perturbado, principalmente, porque se supôs fosse "futurismo" o artista se apresentar de casaca e chinelo, quando o compositor assim se calçava por estar com um calo arruinado.

No intervalo entre uma parte e outra do programa, Mário de Andrade pronunciou breve palestra, na escadaria interna do Municipal, sobre a exposição de artes plásticas ali apresentadas, justificando as "alucinantes criações dos pintores futuristas". Vinte anos após o episódio Mário de Andrade escreveria: "Como pude fazer uma conferência cercado de anônimos que me caçoavam e ofendiam a valer".

Foi intenso o impacto junto ao público, que reagiu com incompreensão das novas tendências. Muitos artistas que mais tarde se tornaram famosos, foram vaiados: Di Cavalcante, Vila Lobos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menot del Picchia, Afonso Schmidt, Guilherme de Almeida, entre outros. Apesar das vaias, os artistas conseguiram o que queriam: o escândalo; chocar para mudar; apresentar "ousadas novidades", que revelassem a realidade brasileira como tal; espaço nos jornais; polêmicas e comentários. Sua arte estava divulgada.

Os modernistas não aceitaram serem chamados de futuristas. Menotti, orador oficial das noites, assim afirma: "A nossa estática é de reação. Como tal é guerreira. O termo futurista, com que erradamente a etiquetaram, aceitamo-lo porque era um cartel de desafio". Na verdade não havia uma única tendência que os unia. Seu objetivo comum era renovar e atualizar a Arte Brasileira. O resto eram diferenças. ®Sérgio.

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Bibliografia: BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 3ªed., São Paulo, Cultrix.

VERÍSSIMO, José – História da Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, Record, 1998. / BANDEIRA, Manuel – Seleta de Prosa, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997. Paulino, Graça. Literatura, Participação e Prazer. São Paulo: FTD, 1987.

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 02/05/2012
Reeditado em 19/07/2012
Código do texto: T3645906