O EXPRESSIONISMO

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Estudos Literários

"Munch poderia ter replicado que um grito de angustia não é belo, que seria uma falta de sinceridade olhar apenas o lado agradável da vida. [...]" (Gombrich. História da Arte)

O movimento de vanguarda conhecido por Expressionismo surgiu na Alemanha por volta de 1910, trazendo uma forte herança da arte do final do século XIX, cuja preocupação era encontrar formas de expressar as manifestações do mundo interior. Desenvolveu-se paralelamente ao Futurismo na Itália e ao Cubismo na França. Durou até cerca da metade da década de 1920. Muitos dos artistas eram ligados a grupos políticos de esquerda.

Inicialmente, o Expressionismo dava destaque à pintura; depois o movimento evoluiu para a música, o teatro, o cinema e a literatura. Na literatura, inverte o processo do Impressionismo, ou seja, procura materializar, numa folha de papel, o mundo interior do escritor, por meio da análise minuciosa do subconsciente das personagens e metáforas exageradas ou grotescas; seguindo assim, uma linha desagregacionista e ilógica, que é a própria expressão dos conflitos e paixões de seus adeptos; pouco importando os conceitos vigentes de belo e feio. Daí, o enfoque pessimista da vida, marcado por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade. De modo geral, a linguagem é direta, com frases curtas. Embora, os expressionistas expressassem o mundo de seus sonhos, havia também a preocupação social da denúncia:

Fim do Mundo

O chapéu do burguês está voando de sua aguda cabeça,

Em todos os ares está ecoando a gritaria.

Os telhados estão caindo e despedaçando-se,

e no litoral – lê-se – está subindo a preamar:

A tempestade aí está, os mares selvagens saltam

Para a terra, para destroçar os grossos diques. [...]

                                              (Hoddis, Jakob van. In: Demokrat, 1911.)

Dos manifestos expressionistas, destaco um trecho do escritor Kasimir Edschmid, pseudônimo de Eduard Schmid, intitulado Expressionismo na Poesia:

"Assim o universo total do artista expressionista torna-se visão. Ele não vê, mas percebe. Ele não descreve, acumula vivências. Ele não reproduz, ele estrutura. Ele não colhe, ele procura. Agora não existe mais a cadeia de fatos: fábricas, casas, doenças, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disso. Os fatos tem significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se encontra além deles. Esse tipo de expressão não é alemão nem francês. Ele é supre nacional. Ele não é somente assunto da arte. É exigência do espírito. Não é um programa de estilo. É uma exigência da alma. Uma coisa da humanidade." (Edschmid, Kasimir. Expressionismo na Poesia. In, Assis Brasil. Vocabulário Técnico de Literatura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s.d.)

Destacaram-se na Literatura Expressionista o irlandês James Joyce, o inglês T.S. Eliot (1888-1965), o tcheco, Franz Kafka, Franz Werfel, René Schickele, Kasimir Edschmid, Reinhard Sorge, Walter Hasenclever, Fritz von Unruh e Pär Lagerkvist , poetas e /ou ficcionistas. Em Berlin surgiu um clube de poetas expressionistas, o Der Newe Club.

No teatro a tendência era para o extremo e o exagero em defesa de transformações sociais. Nas cenas, havia uma atmosfera de sonho e pesadelo e os atores se movimentam como se fossem robôs. Não raro, gravações de monólogos eram ouvidas paralelas às encenações, para desvendar a realidade interna de um personagem. A primeira peça expressionista foi A Estrada de Damasco (1898-1904), do sueco August Strindberg (1849-1912). Entre os principais dramaturgos estão ainda os alemães Georg Kaiser (1878-1945) e Carl Sternheim (1878-1942) e o norte-americano Eugene O'Neill (1888-1953).

Entre os pintores expressionistas destacam-se o holandês Vincent van Gogh (1853-1890), o francês Paul Gauguin (1848-1903), que utilizavam cores violentas e linhas fortes para aumentar a intensidade de seus trabalhos. O Grito (1893), do norueguês Edvard Munch (1863-1944), é considerado o primeiro quadro expressionista. Embora o pintor Norueguês não militasse o Expressionismo, tornou-se seu principal percussor pela capacidade de retratar os conflitos internos de seus personagens. A última grande manifestação de protesto expressionista é o painel Guernica, do espanhol Pablo Picasso (1881-1973); que retrata o bombardeio da cidade basca Guernica por aviões alemães durante a Guerra Civil Espanhola. A obra mostra sua visão particular da angústia do ataque.

No Brasil o expressionismo influenciou a implantação do movimento Modernista. Nas artes plásticas, destacaram-se Candido Portinari, que retrata o êxodo do Nordeste; Lasar Segall (1891-1957) pintor da dor e sofrimento humanos, o gravurista Osvaldo Goeldi (1895-1961) e Anita Malfatti (1889-1964), que modernizou a pintura brasileira com temas nacionalistas, entre eles O Tropical, de 1916. No teatro, a obra do dramaturgo Nelson Rodrigues apresenta características expressionistas. ®Sérgio.

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Informações foram retiradas (e adaptadas ao texto) de: PAULINO, Graça. Estudo das Formas e Estilos Literários; São Paulo, FTD, 1987. / Brasil, Assis – Vocabulário Técnico de Literatura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s.d.

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