CARTAS AO LEO

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Campo Grande, Agosto de 2009

Aqui, Leo, não chove há muito; o Sol já aparece amarelo e fosco, num mormaço sufocante. São às "fumaradas" de agosto, deixando o ar parado e denso, num calor de febre. Pois é agosto, mês do desgosto, como bem "proverbiou" você.

Mas, deixando escapar por agora essa questão do clima, observarei que a expressão "agosto, mês de desgosto" não é nossa, herdamos dos nossos colonizadores portugueses.

No século XVI - época das grandes navegações - as caravelas portuguesas iam ao mar no mês de agosto. De modo que as namoradas dos navegadores nunca casavam nesse mês. Primeiro, porque não poderiam desfrutar da lua-de-mel; e, segundo, porque poderiam passar rapidamente da condição de recém-casadas para a de viúvas.

Segundo o escritor português Mário Souto Maior, ficou, então, consagrada essa tradição com a frase: “casar em agosto traz desgosto”. Ora bem, quando ela (a frase) chegou aqui, fizemos o que mais gostamos: abreviar, reduzir; e, assim, virou: “agosto, mês do desgosto”.

Mais ainda, a má fama do agosto agourento, já existia bem antes das grandes navegações portuguesas. O romanos, no século I, acreditavam que um dragão passeava pelo céu noturno em agosto (mês batizado em homenagem ao imperador Augusto). O monstro nada mais era do que a constelação de Leão, mais visível nessa época do ano.

Pois aí está Leo; o agosto, do desgosto, veio de lá, mas, o agosto fumarado, é mais que nosso.

Forte Abraço

Inté mais!

RSérgio.

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquercomentário.

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