A ELEGIA

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Estudos Literários

 

Elegia, do Grego: Elegeía. É obscura é a origem desse termo grego. Houve quem atribuísse a origem do vocábulo a um suposto refrão (e lege), usado nas antigas lamentações fúnebres. Mais verossímil parece a hipótese segundo a qual o termo vem da palavra armênia, elegn, elegneay, que significava bambu, flauta de bambu e que foi tomada por empréstimo pelos helenos; designaria a flauta que acompanhava os cantos de luto e tristeza. Além do acompanhamento da flauta, a elegia, inicialmente, era definida pelo metro específico, chamado metro elegíaco, csaracterizado pelo emprego de dísticos, formados de versos hexâmetros, ou seja, de pés poéticos (cada pé é uma sequencia específica de tipos de sílabas).

A elegia derivou-se da poesia épica, e com ela mantém apreciável semelhança. Na sua origem, era cantada com acompanhamento de flauta; aos poucos foi abandonando sua associação com a música, até se destinar a recitação ou a simples leitura. Abordava os mais variados assuntos e consistia numa das formas líricas onde a pessoa do poeta se punha em cena. Queixa-se e exalta; quase atua como orador: seja orador político; seja filósofo que disserta acerca da vida humana.

Calino de Éfeso (Grécia. século VII a.C.), é considerado o mais antigo autor de poesia elegíaca. Seus poemas eram cantos guerreiros que incitavam à luta. Calímaco, importante poeta alexandrino do século III a.C., foi um dos primeiros a escrever elegias no sentido moderno do termo, ou seja, líricos e tristes. Os Cabelos de Berenice, de autoria do poeta, do qual só restam fragmentos, constituiu o primeiro modelo do gênero.

Com os romanos, a elegia alcançou a máxima perfeição, inclusive lhe acrescentaram uma temática nova: a amorosa. O mais importante dos elegíacos romanos foi Ovídio: Os Poemas Tristes e as Cartas do Ponto, que lamentavam seu exílio, se aproximam bastante das elegias modernas.

No século XVI, a elegia transformou-se num dos gêneros poéticos mais cultivados, embora, ainda pouco definido. Em Portugal, o primeiro escritor de elegias foi Sá de Miranda, mas Camões foi o principal: da edição de 1595 de suas obras completas, constam quatro elegias, tidas como as melhores em língua portuguesa.

Na Literatura Brasileira, nosso mais importante autor de elegias foi Fagundes Varela. Em a Elegia do Rei do Sião, Drummond relembra a temática triste da elegia, mas numa forma livre, embora se possa notar alguma ressonância de rimas internas e certa ironia. Manuel Bandeira outro poeta modernista, é chamado, muitas vezes, de poeta elegíaco por quase sempre evocar em seus poemas temas tristes e nostálgicos.

Ao contrário de outros tipos de poemas, a elegia caracterizou-se não pela forma, mas pelo assunto: a tristeza despertada por uma ausência, por um amor interrompido pela infidelidade, pela morte ou por quaisquer outros enlaces do coração. Por vezes, a elegia abraça temas pastoris (bucólicos), como a elegia pastoril, que pode, mas não deve ser confundida com o [idílio]. ®Sérgio.

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Ajudou neste estudo: Massaud Moisés - A Criação Poética; Cultrix, S. Paulo, 1977.

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 07/10/2009
Reeditado em 09/05/2012
Código do texto: T1853984