O ROMANCE REGIONAL

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Estudos Literários

 

O Romance Regional Brasileiro foi, sem dúvida, uma das mais difíceis das criações românticas.

Das mais difíceis, porque não encontrando paralelo no Romantismo europeu, que se interessou mais pelos romances sentimental, urbano e histórico, nosso romance regional teve de sozinho, definir seus rumos e resolver seus problemas de adequação entre o real e o fictício, isto é, definir seu conceito de verossimilhança.

Empenhado no projeto nacionalista de redescobrir o país nas suas variedades regionais e culturais, o romance regional mantém um vínculo direto com o real.

Os Romances regionais eram publicados primeiramente em folhetins nos jornais e se fizessem sucesso eram organizados em um livro. Dentre as principais produções de nosso regionalismo romântico, destacam-se: O Ermitão de Muquém (1864) e O Garimpeiro (1872) de Bernardo Guimarães; Inocência (1872), de Visconde de Taunay; O Gaúcho (1870) e O Sertanejo (1875), de José de Alencar; O Cabeleira (1876), Franklin Távora.

Os romances O Tronco do Ipê e Til, de José de Alencar, podem ser classificados como romances fazendeiros, por fazerem a descrição da vida rural marcada por influências urbanas.

Inocência pode se considerada a obra-prima do romance regionalista de nosso Romantismo. É uma história de amor impossível, envolvendo Cirino, prático de farmácia que se autopromoveu médico, e inocência, uma jovem do sertão de Mato Grosso, filha de Pereira, proprietário de uma pequena fazenda.

Ao lado dos acontecimentos que constituem a trama amorosa, há também o choque de valores entre Pereira e Meyer, um naturalista alemão que se hospedara na casa de Pereira à procura de borboletas, evidenciando as contradições entre o meio rural e o meio urbano europeu.

O Cabeleira – Franklin Távora, cearense, rebelou-se contra a literatura do sul, especialmente a de José de Alencar, alegando que ora ele se deixava levar pelos modelos estrangeiros (referência ao romances urbanos, ora carecia de contato mais direto com a região a que se propunha escrever (referência a O Gaúcho).

Franklin Távora, com O Cabeleira, trouxe à tona problemas até então desconhecidos em outras regiões do país – tais como o banditismo, o cangaço, a seca, a miséria, as migrações, etc. – que seriam mais tarde, exploradas por ficcionistas do porte de um Graciliano Ramos, Jorge Amado e outros.

O Cabeleira é uma crônica histórica que focaliza a vida do famoso cangaceiro José Gomes, o Cabeleira, que ao lado de dois malfeitores, Joaquim Gomes, seu pai, e Teodósio, aterrorizaram as populações das cidades pernambucanas do século XVIII. ®Sérgio.

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Para maiores informações sobre o assunto ver: William Roberto Cereja e Thereza Anália Cochar Magalhães. Literatura, Gramática e Redação, São Paulo, Atual, 1990.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 21/05/2013
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